Bíblia ACF

Capítulo II

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"O Rasto de Sangue"

600-1300 A. D.
  1. Encerramos o 1o capítulo com o fim do 5° século. E ainda um grande número de fatos que tiveram seu princípio naqueles séculos não foi mencionado. Tínhamos iniciado as considerações em torno do terrível período que é conhecido na história como "Idade Média". Trevas, sangue, e terror houve desde o seu inicio. As perseguições pelo estabelecimento da Igreja Católica Romana são duras, cruéis e perpétuas. A guerra de extermínio prosseguiu persistente e inexoravelmente, obrigando os cristãos a se refugiarem em muitas terras. O "Rasto de Sangue" é quase tudo que resta em qualquer lugar. Especialmente através da Inglaterra, Gales, África, Armênia, Bulgária. Certo é que em qualquer lugar cristãos seriam achados os que estavam decididos a permanecerem restritamente leais ao Novo Testamento.
  1. Agora chamaremos atenção aos concílios denominados ecumênicos ou Concílios do Império. Será por bem baseados no chamado concílio de Jerusalém (Ver Atos 15). Mas provavelmente nada terá sido mais dessemelhante com o mesmo nome do que estes concílios - chamamos agora a atenção para somente oito, e estes convocados por diferentes imperadores. Nenhum deles pelos Papas e todos eles realizados entre as igrejas do Oriente ou Igrejas Gregas. Assistiram-nos todavia, alguns representantes do ramo ocidental ou da Igreja Romana.
  2. O primeiro desses concílios foi realizado em Nice ou Nicéia em 325 A.D. Foi convocado por Constantino, o Grande, e foi assistido por 318 bispos.

    O segundo reuniu-se em Constantinopla em 3B1 A.D. Foi convocado por Teodósio, o grande. Assistiram-no 150 bispos. (Nos séculos primitivos a palavra bispo designava simplesmente pastores de igrejas locais).

    O terceiro foi convocado por Teodósio II e por Valentiano III. Este contou com a presença de 250 bispos. A reunião se efetuou em Éfeso em 431 A.D.

    O quarto reuniu-se na Calcedônia em 451 A.D., e foi convocado pelo imperador Marciano. Quinhentos ou 600 bispos metropolitanos, (metropolitanos eram pastores da cidade ou pastores de primeira igreja), estiveram presentes a este concilio. Nele foi promulgada a doutrina que conhecemos como "Mariolatria". Este dogma compreende a adoração de Maria, mãe de Cristo. Esta nova doutrina no principio criou grande tumulto. Houve sérias objeções, mas finalmente foi aceita como doutrina da Igreja Católica.

    O quinto destes 8 concílios foi realizado em Constantinopla. Foi o segundo que se realizou ali. Foi convocado por Justiniano em 553 A.D. e assistido por 165 bispos - este concílio aparentemente teve por objetivo condenar certos escritos.

    No ano 680 A.D. o sexto concilio foi convocado. Também foi realizado em Constantinopla e foi convocado por Constantino Pogonato, para condenar heresias. Durante este concilio o Papa Honório foi deposto e excomungado. Até este tempo a infalibilidade não tinha sido declarada.

    O sétimo concílio foi chamado para se reunir em Nicéia em 787 A.D. Foi o segundo a se realizar neste lugar. A imperatriz Irene o convocou. Nele parece ter tido inicio definitivo a adoração de imagens e o culto aos santos. Podeis, por esta amostra, perceber que o povo de então já estava se tornando mais paganizado que cristianizado.

    O último dos concílios convocados pelos imperadores aos quais chamamos "Concílios do Oriente" reuniu-se em Constantinopla em 869 A.D. Foi convocado por Basilio Maredo. A Igreja Católica tinha entrado em séria tribulação. Havia se levantado uma calorosa controvérsia entre os cabeças dos dois grandes ramos do catolicismo: acidental e oriental ou romano e grego. Pônico, o grego, em Constantinopla, e Nicolau I em Roma. Foi tão grande a desavença entre eles que chegaram a se excomungar mutuamente. Desta forma por um pouco de tempo o catolicismo ficou inteiramente sem um cabeça. O concilio foi convocado principalmente para dirimir esta dificuldade. Esta cisão no tronco do catolicismo nunca foi até hoje, completamente desfeita. Desde esse tempo até hoje, todas as tentativas para desfazê-la têm falhado. O poder de Latrão (isto é, dos Papas) desde esse tempo começou a ter ascendência. Não os imperadores, mas os Pontífices passaram a convocar os concílios. E os últimos concílios serão considerados em estudo subseqüente.

  3. Há uma nova doutrina para a qual não podemos deixar de atentar. Há, sem duvida, outras, mas uma especialmente que remos considerar e esta é a da "comunhão infantil". As crianças eram não somente batizadas, mas recebidas na Igreja e consideradas membros dela, e portanto, devidamente habilitadas A Ceia do Senhor. Como administrar isto, era o problema, mas foi resolvido embebendo o pão no vinho. Isto foi praticado por anos. E depois de algum tempo uma nova doutrina foi adicionado a esta. Passou a ser ensinado que a ceia era um outro meio de salvação. Uma outra nova doutrina foi mais tarde adicionada a esta. E sobre ela voltaremos a falar mais tarde.
  4. Durante o 5o século, no 4o concílio ecumênico, reunido em Calcedônia em 451, uma doutrina inteiramente nova foi acrescentada à já crescente lista de inovações. É a doutrina conhecida como "Mariolatria" ou adoração de Maria, mãe de Jesus. Parece ter sido sentida a necessidade de um novo Mediador. A distancia entre o homem e Deus era grande demais para um só mediador, ainda que fosse Cristo o Filho de Deus e realmente Deus-homem. Pensaram ser Maria necessária como outro mediador e orações foram - feitas a ela. Ela existia para levá-los a Cristo.
  5. Duas outras novas doutrinas foram adicionadas no século 8o à fé católica. Ambas foram promulgadas pelo 2o concílio reunido em Nicéia. O 2o concílio reuniu-se ali em 787. A primeira das doutrinas ali adicionadas foi a que é conhecida como "A adoração de imagens", uma violação direta do seguinte mandamento de Deus:

    "Não farás para ti imagens de escultura" . Ex. 20:3, 4, 5. Essa adição é também oriunda do paganismo. Logo depois seguiu-se "o Culto dos Santos", doutrina que não tem justificação na Bíblia. Somente um exemplo de invocação dos santos aparece na Bíblia e esse mesmo para mostrar sua perfeita insensatez - o rico orando a Abraão em Luc. 16: 24-31. Estas são algumas, não todas, das mudanças revolucionárias aos ensinos do Novo Testamento, que vieram durante esse período da História da Igreja.

  6. Durante o período que estamos considerando os perseguidos foram conhecidos por muitos e variados nomes. Entre eles encontramos Donatistas, Paterinos, Paulicianos Cátaros, e Anabatistas. Um pouco mais tarde sugiram Petrobrussianos, Arnoldistas, Henricianos, Albingenses e Waldenses. Algumas vezes um desses grupos se destacava e outras vezes o outro. Alguns sempre se evidenciavam, por estarem sob persistente e cruel perseguição .
  7. Não devemos pensar que todos os que sofrerem perseguições estavam integralmente fiéis ao Novo Testamento. Na maioria eram leais. E alguns deles, consideradas as circunstancias em que viveram e lutaram, eram maravilhosamente leais. Lembremo-nos de que muitos dos que viveram neste longo período, possuíam somente partes do Novo Testamento ou do Velho Testamento para usar. A imprensa não tinha sido inventada. O que possuíam eram manuscritos em pergaminho ou peles, ou coisa parecida, sendo por isto, grandes e volumosos. Poucas famílias (se é que alguma) ou Igreja possuíam cópias completada da Bíblia. Antes do término formal do Cânon (em fins do século IV), havia provavelmente, muito poucos manuscritos completos do N. T. Dos 1.000 Mss. conhecidos somente uns 30 incluem todos os livros.
  8. Além disso, durante toda a "Idade Média" e o p«lodo da perseguição, tenazes esforços foram feitos para destruir os Mss. das Escrituras, nas mãos dos perseguidos. Assim, em muitos casos, os grupos só possuíam pequenas partes da Bíblia.
  9. Será bem de notar também que para prevenir a disseminação dos pontos de vista, de certo modo contrários aos da Igreja Católica, muitos planos e medidas extremas foram adotados. Em primeiro lugar, todo e qualquer escrito, que contivesse idéias diferentes das Católicas, seria queimado, especialmente os livros. Por vários séculos esses planos e medidas foram estrita e persistentemente seguidos. Esta é, de acordo com a História, a principal razão porque é difícil de se apresentar um relato minucioso da História. Por toda parte, os que persistiam em escrever e pregar, experimentaram a morte pelo martírio. Este era um período desesperadamente sangrento. Todos os grupos de heréticos persistentes (assim chamados) e por quaisquer nomes apelidados, em qualquer parte onde vivessem eram cruelmente perseguidos. Os Donatistas e Paulicianos foram proeminentes entre os primeiros desses grupos. Os católicos, estranho como pareça, acusavam a todos que recusavam a abandonar sua fé, que recusavam a crer como católicos - chamando-os de heréticos e os condenavam como tais. Os chamados católicos tinham se tornado mais completamente paganizados e judaizados do que mesmo cristianizados e estavam sendo manejados mais pelo poder civil do que pelo poder religioso. Eles cuidavam mais de fazer novas leis do que de obedecer as de antes estabelecidas.
  10. Daremos em seguida um pouco das muitas variações por que passaram os ensinos do Novo Testamento, durante esses séculos. Elas, provavelmente, nem sempre aparecerão na ordem em que surgiram. De fato, em alguns casos é difícil senão impossível, dar-se a data exata da origem de várias dessas mudanças. Algumas apareceram provavelmente com todo o sistema católico. Cresceram e se desenvolveram. Principalmente nos primeiros anos, seus ensinos foram sujeitos contentemente a mudanças. Estas vinham por acréscimo ou subtração; por substituição ou abrogação. A Igreja Católica não era mais uma igreja conforme o N. T., se é que o foi algum dia. Ela não era mais um corpo puramente executivo, para cumprir as leis de Deus já estabelecidas, mas uma entidade legislativa, não somente por fazer novas leis, como também por ab-rogar a seu jeito as de antes estabelecidas.
  11. Uma das suas declarações deste tempo foi: fora da Igreja não há salvação, da Igreja Católica, criando portanto um dilema: ou o homem é católico, ou está perdido. Não há outra alternativa.
  12. A doutrina das indulgências e a venda de indulgências foi um novo acréscimo absolutamente contrário às doutrinas do Novo Testamento. Mas para tornar prática essa heresia, uma outra precisa ser criada: o estabelecimento de um crédito, que não obstante tivesse o lastro no céu era contudo acessível à terra. Assim, o mérito das "boas obras" como um meio de salvação, devia ser ensinado. Para justificá-lo, colocaram as reservas celestes que davam valor às indulgências passíveis de aumento. O primeiro lastro do fundo das indulgências, foi o que veio pelo trabalho perfeito de Jesus. Como Ele não praticou o mal, a totalidade de suas boas obras não seriam usadas em seu próprio benefício mas colocada no fundo de reservas das indulgências. Ainda mais, todo o excedente das boas obras necessárias à salvação dos apóstolos seria adicionado a esse depósito, bem como excedentes das vidas de todos os santos, o que tornou essa reserva imensamente grande. Mais ainda. Toda essa, imensa riqueza foi creditada à única Igreja (?)!, que tinha permissão para usá-la em suprir as necessidades de algum pecador perdido, cobrindo de cada um o que julgava lhe ser possível pagar, para que lhe beneficiasse com o crédito celestial. Seguiu-se a venda das indulgências. Cada pessoa as poderia comprar para si, ou para seus amigos ou mesmo para os amigos mortos. Os preços variavam na proporção das ofensas cometidas ou a serem cometidas. Isto foi, muitas vezes, levada a absurdos terríveis, dos quais até católicos não descrêem. Algumas histórias ou enciclopédias dão uma lista de preços pelos diferentes pecados para os quais as indulgências eram vendidas.
  13. Mas, uma outra nova doutrina se tomou necessária, imperativa mesmo, para tornar efetivas essas duas últimas. É a doutrina chamada do Purgatório, um lugar intermediário entre o céu e o inferno, no qual todos devem passar para serem purificados de todos os pecados veniais. Mesmo os santos devem passar através desse lugar, permanecendo lá até à completa purificação, pelo fogo - a menos que eles possam ser socorridos pela aplicação do lastro das indulgências, o que somente pode ser exercido por meio de orações e compra das mesmas pelos vivos. Daí a venda das indulgências. Um desvio do Novo Testamento leva a outro inevitavelmente.
  14. Cabe perfeitamente aqui um parênteses para mostrar as diferenças entre as igrejas Católico-Romana e Católico-Ortodoxa ou Grega:
  • Quanto às nacionalidades: os ortodoxos são eslavos, congraçando: gregos, russos, búlgaro, sérvio, etc. Os romanos são principalmente latinos, congraçando: italianos, franceses, espanhóis, americanos do Sul, mexicanos e povos da América Central, etc.
  • A Igreja Grega recusa a aspersão ou derramamento como batismo. Os Romanos usam a aspersão, reclamando a si o direito de mudar a fórmula original do batismo, conforme o plano bíblico que é o da imersão.
  • A Igreja Católica Grega continua a observar a prática de comunhão para crianças. A Igreja Romana a tem abandonado, usando-a como um outro meio de salvação.
  • A Igreja Grega na administração da Ceia do Senhor dá o pão e o vinho aos comungantes. A Igreja Romana dá aos comungantes somente o pão, reservando o vinho para o sacerdote.
  • Na Igreja Grega os sacerdotes se casam. Na Igreja Romana eles são proibidos de o fazer.
  • Os Gregos rejeitam a doutrina da infalibilidade papal; os Romanos a aceitam e insistem na sua exatidão. Estes são alguns pontos, aos menos, nos quais essas duas Igrejas divergem. No demais, ao que parece, as Igrejas Grega e Romana, permanecem unidas.
  1. Nossos estudos têm girado em tomo dos 9 primeiros séculos. Entraremos agora no 10o século. Olhem, por favor, no mapa. Foi justamente aqui que se deu a separação entre as igrejas Grega e Romana. Depressa veremos, como no correr desses séculos novas leis e doutrinas surgiram - e outras desesperadas n e terríveis perseguições. (Schaff. Herzogg, En. Vol. 11, pág. 90

     

    "O Rasto de Sangue"

  1. Novamente chamamos a atenção dos leitores para aqueles que caíram sob a dura prova da perseguição. Se 50.000.000 pereceram, durante os 1.200 anos da "Idade Média", como a história parece positivamente ensinar, então morreram em média 4 milhões de crentes por século. Isto parece ir alem do que permite a concepção humana. Como já foi mencionado, essa mão de ferro se alimentava com o sangue mártir tirado dos Paulicianos, Arnoldistas, Henricianos, Petrobrussianos, Albingenses, Waldenses e Anabatistas - mais pesada sobre uns que sobre outros. Sobre esta parte terrível de nossa história, passaremos rapidamente.
  2. Vem agora o longo período dos concílios ecumênicos, que sem dúvida não foram realizados consecutivamente. Houve através dos anos muitos concílios que não eram ecumênicos, nem do "Grande Império". Esses concílios eram principalmente legislativos para decretar ou emendar leis do poder civil ou religioso, tanto a legislação quanto as leis contrárias ao Novo Testamento. Lembre-se que esses foram atos de uma Igreja oficializada, uma Igreja casada com um Governo pagão. E esta Igreja se tomou em breve tempo mais paganizada, que o Estado cristianizado.
  3. Quando qualquer grupo rejeita o Novo Testamento como norma completa de fé e prática, quer como indivíduos, quer como Igrejas, esse grupo se atira num oceano imenso. Qualquer lei errônea (e toda adição à Bíblia é errônea) inevitável e rapidamente, exige a criação de outra e outras exigem outra, sem limite possível. Eis porque Cristo não deu nem às suas Igrejas nem aos bispos (pastores) poderes legislativos. Convém notar outra vez, mais particularmente, porque o Novo Testamento inclui. no seu término essas significativas palavras: "Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro, que se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro, e se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da cidade santa, que estão escritos neste livro". (Apoc. 21:18-19).

    Nota: Inserimos aqui esta cláusula parentética como uma advertência. Devem as igrejas batistas tomar cuidado quanto às suas resoluções, disciplinares ou não, como as que se dão nas sessões, resoluções essas que podem se constituir em regras que afetam o governo das igrejas. O Novo Testamento contém todas 55 as leis e regras necessárias.

  4. A limitação extrema deste pequeno livro impede-nos de dizer muito acerca desses concílios ou assembléias legislativas, mas é necessário que se diga alguma coisa pelo menos.
  5. O primeiro dos concílios Lateranos ou ocidentais, convocados pelos papas, foi convocado por Calixto II, em 1123 A.D. Assistiram-no cerca de 300 bispos. Nesse concílio foi declarado que o padre romano não poderia casar-se. Isto foi chamado celibato do clero. Não tentaremos, é claro, relatar todas as resoluções tomadas nesses concílios.
  6. Anos mais tarde, isto é, em 1139 A.D., o papa Inocêncio II convocou um novo concílio, que tinha por finalidade principal condenar o trabalho de dois grupos dissidentes de cristãos, os quais foram conhecidos como Petrobrussianos e Arnoldistas.
  7. Alexandre III convocou ainda outro concílio em 1179 A.D., 40 anos depois do concílio precedente, no qual foi condenado o que eles chamavam "erros e impiedades'' dos Waldenses e Albingenses.
  8. Exatamente 36 anos após o concílio anterior; um outro foi convocado pelo papa Inocêncio III. Foi realizado em 1215 A.D. e parece ter sido o mais assistido dentre todos os grandes concílios. De acordo com a História "havia presentes a esse concílio 412 bispos, 800 abades e priores, Embaixadores da Corte Bizantina e um grande número de príncipes e nobres." Pelos componentes dessa Assembléia, podemos deduzir não terem sido somente de matéria religiosa os assuntos discutidos.
  9. Por aquele tempo foi promulgada uma nova doutrina: a da "Transubstanciação", segundo a qual o pão e o vinho da Ceia do Senhor são transformados, realmente, no corpo e no sangue do Senhor, logo após a palavra consagratória do sacerdote. Estas doutrina entre outras, foi a pedra de toque dos reformadores, poucos séculos mais tarde. Segundo o ensino desta doutrina todos os que participaram ou participam da Ceia do Senhor comeram o próprio corpo e beberam o próprio sangue de Jesus Cristo. A Confissão Auricular - confissão dos pecados, individualmente, aos ouvidos do sacerdote - parece ter tido seu início nesse concilio. Mas provavelmente, o mais sanguinoso evento de todos que têm sido trazidos sobre os povos em toda a história do mundo, foi o que é conhecido como a "Inquisição" e outros tribunais semelhantes, criados para processar e combater a "heresia". O mundo todo está cheio de livros que combatem esse ato de crueldade inexcedível, não obstante ter sido criado por um povo que se dizia dirigido pelo Senhor! Não existe nada, absolutamente nada, que possa ultrapassar à crueldade da Inquisição! Eu nem tentarei descrevê-la. Sugerirei simplesmente que os meus leitores procurem ler alguns dos muitos livros escritos sobre a ''Inquisição'', deixando que cada um tire a sua própria conclusão. E há ainda uma outra coisa que foi resolvida nesse concílio como se não bastasse tudo que já mencionamos. Refiro-me ao decreto de extirpação para toda a "heresia". É certo que por causa deste decreto muitas páginas negras foram escritas na história do mundo.

  10. No ano de 1229 A.D., 14 anos depois do concílio que acabamos de mencionar; reuniu-se ainda outro concílio. (Parece, todavia, não ter sido ecumênico). Foi convocado para Toulosa. Possivelmente uma das mais vitais resoluções dos católicos foi tomada nesse concílio. Trata-se do decreto segundo o qual a Bíblia Sagrada seria negada ao uso de todos os leigos, de todas as Igrejas Católicas, a não ser aos padres e oficiais superiores. Determinação incompreensível em face do claro ensino da Palavra de Deus: "Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam" João 5:39.
  11. Ainda outro concílio foi chamado a reunir-se em Lion. Foi convocado pelo papa Inocêncio IV em 1245 A. D. Parece ter sido o seu principal objetivo excomungar e depor o imperador Frederico I da Alemanha. A Igreja, noiva adúltera desde o ano 313, quando foi realizado o seu casamento sob a égide de Constantino, o Grande, tinha se tornado a cabeça da casa, ditando normas nos governos estabelecidos e colocando ou arrancando do trono os reis e rainhas, a seu bel prazer.
  12. Em 1274 A.D., um outro concílio foi convocado, tendo por objetivo reunir outra vez num, os dois grandes grupos - o Romano e o Grego - formando destarte a grande Igreja Católica. Esta grande assembléia falhou completamente no seu propósito.

 

Autor: J. M. CARROLL

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